segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Tiro pela culatra…


Se havia algo que deixava o delegado Carlos Henrique consternado, era choro de mulher. Ainda mais quando ela tinha 30 anos, era bonita e sensual: - Mas o que foi que aconteceu, meu anjo? Conta pra mim. Maristela – era esse o nome da vítima – fez beicinho: - Ele me bateu. Dr. Carlos Henrique trincou os dentes: - Ele, quem? - O Jorjão. Sentiu o peito arfar: - E quem é esse Jorjão? - É…bem, como eu posso dizer? Ah, deixa pra lá, doutor. Acho melhor não registrar nada. Dr. Carlos Henrique pousou a mão naquele ombro macio, carnudo: - Posso lhe dizer uma coisa? Maristela ficou em silêncio. O delegado insistiu: - Com toda a experiência? Ela balançou a cabeça, afirmativamente: - Pode. - Se você não denunciar esse patife, ele vai te bater de novo. Abriu o olho roxo: - O senhor acha ? - Tenho certeza, meu doce – alisou o hematoma: – Aliás, vou expedir uma guia para o Instituto Médico-Legal fazer o exame de corpo de delito. Está horrível… Apesar dos pesares, ela sorriu: - O senhor ainda não viu nada. - Ele fez pior ainda? Maristela pôs a mão na coxa: - Me deu um chute aqui… - Ficou a marca ? - Uma mancha enorme. - Entre aqui no meu gabinete, que eu quero ver. - Então, feche a porta, doutor. Dr. Carlos Henrique deu três voltas com a chave e mais quatro com o ferrolho. Tapou o buraco da fechadura com uma fita adesiva: - Assim está bom? - Ótimo. Agora, ligue o ar e prepare uma bebida para nós dois. - Vinho ? Maristela mordeu o lábio ferido e exigiu: - Se tiver uísque, eu prefiro. - Tenho sempre um litro guardado para essas emergências, meu anjo. Puro ou com gelo? - Puro. O delegado serviu duas doses. Maristela pegou a sua e bebeu tudo em apenas três goles. Estalou os beiços: - Vou tirar a roupa. - Mostra tudo, meu doce. Quero ver todos os hematomas. - Apaga aquela luz ali. Deixa só a do corredor… Dr. Carlos Henrique estava arrepiado: - Isto aqui tá parecendo estúdio da Playboy… Tira tudo, meu anjo, tira. - Tô tirando… Pronto… O delegado, nervoso: - Preciso acender. Quero ver de perto para poder descrever nos autos… Epa! - O que foi, doutor? - Você é homem, cara! - É com isso que o Jorjão não se conforma.

Nenhum comentário:

Postar um comentário